terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Família Moderna... e continuamos mudando...

 Haroldo tirou o papel do bolso, conferiu a anotação e perguntou à balconista:
- Moça, vocês têm pen drive?
- Temos, sim.
- O que é pen drive? Pode me esclarecer? Meu filho me pediu para comprar um.
- Bom, pen drive é um aparelho em que o senhor salva tudo o que tem no computador.
- Ah, como um disquete...
- Não. No pen drive o senhor pode salvar textos, imagens e filmes.
O disquete, que nem existe mais, só salva texto.
- Ah, tá bom. Vou querer.
- Quantos gigas?
- Hein?
- De quantos gigas o senhor quer o seu pen drive?
- O que é giga?
- É o tamanho do pen.
- Ah, tá. Eu queria um pequeno, que dê para levar no bolso sem fazer muito volume.
- Todos são pequenos, senhor. O tamanho, aí, é a quantidade de coisas que ele pode arquivar.
- Ah, tá. E quantos tamanhos têm?
Dois, quatro, oito, dezesseis gigas...
- Hmmmm, meu filho não falou quantos gigas queria.
- Neste caso, o melhor é levar o maior.
- Sim, eu acho que sim. Quanto custa?
- Bem, o preço varia conforme o tamanho. A sua entrada é USB?
- Como?
- É que para acoplar o pen no computador, tem que ter uma entrada compatível.
- USB não é a potência do ar condicionado?
- Não, aquilo é BTU.
- Ah! É isso mesmo. Confundi as iniciais. Bom, sei lá se a minha entrada é USB.
- USB é assim ó: com dentinhos que se encaixam nos buraquinhos do computador.
O outro tipo é este, o P2, mais tradicional, o senhor só tem que enfiar o pino no buraco redondo.
- Hmmmm! Enfiar o pino no buraquinho, né?
- He he he! O seu computador é novo ou velho? Se for novo é USB, se for velho é P2.
- Acho que o meu tem uns dois anos. O anterior ainda era com disquete. Lembra do disquete?
Quadradinho, preto, fácil de carregar, quase não tinha peso.
O meu primeiro computador funcionava com aqueles disquetes do tipo bolacha,
grandões e quadrados. Era bem mais simples, não acha?
- Os de hoje nem têm mais entrada para disquete. Ou é CD ou pen drive.
- Que coisa! Bem, não sei o que fazer. Acho melhor perguntar ao meu filho.
- Quem sabe o senhor liga pra ele?
- Bem que eu gostaria, mas meu celular é novo, tem tanta coisa nele que
ainda não aprendi a discar.
- Deixa eu ver. Poxa, um Smarthphone! Este é bom mesmo! Tem Bluetooth, woofle,
brufle, trifle, banda larga, teclado touchpad, câmera fotográfica, filmadora,
radio AM/FM, TV, dá pra mandar e receber e-mail, torpedo direcional, micro-ondas e
conexão wireless.
- Micro-ondas? Dá para cozinhar nele?
- Não senhor. Assim o senhor me faz rir. É que ele funciona no sub-padrão,
por isso é muito mais rápido.
- E Bluetooth? Estou emocionado. Não entendo como os celulares anteriores
não possuíam Bluetooth.
- O senhor sabe para que serve?
- É claro que não.
- É para um celular comunicar com outro, sem fio.
- Que maravilha! Essa é uma grande novidade! Mas os celulares já não se
comunicam com os outros sem usar fio? Nunca precisei fio para ligar para outro celular.
Fio em celular, que eu saiba, é apenas para carregar a bateria...

- Não, já vi que o senhor não entende nada, mesmo.
Com o Bluetooth o senhor passa os dados do seu celular para outro, sem usar fio.
Lista de telefones, por exemplo.
- Ah, e antes precisava fio?
- Não, tinha que trocar o chip.
- Hein? Ah, sim, o chip. E hoje não precisa mais chip...
- Precisa, sim, mas o Bluetooth é bem melhor.
- Legal esse negócio do chip. O meu celular tem chip?
- Momentinho... Deixa eu ver... Sim, tem chip.
- E faço o quê, com o chip?
- Se o senhor quiser trocar de operadora, portabilidade, o senhor sabe.
- Sei, sim, portabilidade, não é?, claro que sei. Não ia saber uma coisa dessas, tão simples?
Imagino, então que para ligar tudo isso, no meu celular, depois de fazer um curso de dois meses,
eu só preciso clicar nuns duzentos botões...
- Nããão! É tudo muito simples, o senhor logo apreende. Quer ligar para o seu filho?
Anote aqui o número dele. Isso. Agora é só teclar, um momentinho, e apertar no botão
verde... pronto, está chamando.
Haroldo segura o celular com a ponta dos dedos, temendo ser levado pelos ares,
para um outro planeta:
- Oi filhão, é o papai. Sim. Me diz, filho, o seu pen drive é de quantos... Como é mesmo o nome?
Ah, obrigado, quantos gigas? Quatro gigas está bom? Ótimo. E tem outra coisa, o que era mesmo? Nossa conexão é USB? É? Que loucura. Então tá, filho, papai está comprando o teu pen drive. De noite eu levo para casa.
- Que idade tem seu filho?
- Vai fazer dez em março.
- Que gracinha...
- É isso moça, vou levar um de quatro gigas, com conexão USB.
- Certo, senhor. Quer para presente?
Mais tarde, no escritório, examinou o pen drive, um minúsculo objeto, menor do que um isqueiro,
capaz de gravar filmes? Onde iremos parar? Olha, com receio, para o celular sobre a mesa.
"Máquina infernal", pensa.
 Tudo o que ele quer é um telefone, para discar e receber chamadas. E tem, nas mãos,
um equipamento sofisticado, tão complexo que ninguém que não seja especialista ou
tenha a infelicidade de ter mais de quarenta, saberá compreender.
Em casa, ele entrega o pen drive ao filho e pede para ver como funciona.
 O garoto insere o aparelho e na tela abre-se uma janela. Em seguida, com o mouse,
abre uma página da internet, em inglês. Seleciona umas palavras e um 'havy metal' 
infernal invade o quarto e os ouvidos de Haroldo.
Um outro clique e, quando a música termina, o garoto diz:
- Pronto, pai, baixei a música. Agora eu levo o pen drive para qualquer lugar e
onde tiver uma entrada USB eu posso ouvir a música. No meu celular, por exemplo.
- Teu celular tem entrada USB?
- É lógico. O teu também tem.
- É? Quer dizer que eu posso gravar músicas num pen drive e ouvir pelo celular?
- Se o senhor não quiser baixar direto da internet...
Naquela noite, antes de dormir, deu um beijo em Clarinha e disse:
- Sabe que eu tenho Bluetooth?
- Como é que é?
- Bluetooth. Não vai me dizer que não sabe o que é?
- Não enche, Haroldo, deixa eu dormir.
- Meu bem, lembra como era boa a vida, quando telefone era telefone, gravador era gravador,
toca-discos tocava discos e a gente só tinha que apertar um botão, para as coisas funcionarem?
- Claro que lembro, Haroldo. Hoje é bem melhor, né?
Várias coisas numa só, até Bluetooth você tem.
- E conexão USB também.
- Que ótimo, Haroldo, meus parabéns.
- Clarinha, com tanta tecnologia a gente envelhece cada vez mais rápido.
Fico doente de pensar em quanta coisa existe, por aí, que nunca vou usar.
- Ué? Por quê?
- Porque eu recém tinha aprendido a usar computador e celular e tudo o que sei já está superado.
- Por falar nisso temos que trocar nossa televisão.
- Ué? A nossa estragou?
- Não. Mas a nossa não tem HD, tecla SAP, slowmotion e reset.
- Tudo isso?
- Tudo. Boa noite, Haroldo, vai dormir.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Pão com Manteiga



        Conta a história de um casal que tomava café da manhã no dia de suas bodas de prata.
       A mulher passou a manteiga na casca do pão e o entregou para o marido, ficando com o miolo. Ela pensou: "Sempre quis comer a melhor parte do pão, mas amo demais o meu marido e, por 25 anos, sempre lhe dei o miolo. Mas hoje quis satisfazer meu desejo. Acho justo que eu coma o miolo pelo menos uma vez na vida".
       Para sua surpresa, o rosto do marido abriu-se num sorriso sem fim e ele lhe disse: "Muito obrigado por este presente, meu amor... Durante 25 anos, sempre desejei comer a casca do pão, mas como você sempre gostou tanto dela, jamais ousei pedir!"

       Moral da história:
       1. Você precisa dizer claramente o que deseja, não espere que o outro adivinhe...
       2. Você pode pensar que está fazendo o melhor para o outro, mas o outro pode estar esperando outra coisa de você....
       3. Deixe-o falar, peça-o para falar e quando não entender, não traduza sozinho. Peça que ele se explique melhor.
       4. Esse texto pode ser aplicado não só para relacionamento entre casais, mas também para pais/filhos, amigos e mesmo no trabalho.
       PS: Tão simples como um pão com manteiga!
 

domingo, 11 de julho de 2010

A história do lápis

O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura, perguntou:
-- Você está escrevendo uma história que aconteceu conosco? E por acaso, é uma história sobre mim?
A avó parou a carta, sorriu, e comentou com o neto:
-- Estou escrevendo sobre você, é verdade. Entretanto, mais importante do que as palavras, é o lápis que estou usando. Gostaria que você fosse como ele, quando crescesse.
O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial.
-- Mas ele é igual a todos os lápis que vi em minha vida!
Tudo depende do modo como você olha as coisas. Há cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo.
"Primeira qualidade: você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe uma Mão que guia seus passos. Esta mão nós chamamos de Deus, e Ele deve sempre conduzi-lo em direção à Sua vontade".
"Segunda qualidade: de vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo, e usar o apontador. Isso faz com que o lápis sofra um pouco, mas no final, ele está mais afiado. Portanto, saiba suportar algumas dores, porque elas o farão ser uma pessoa melhor."
"Terceira qualidade: o lápis sempre permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que estava errado. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente algo mau, mas algo importante para nos manter no caminho da justiça".
"Quarta qualidade: o que realmente importa no lápis não é a madeira ou sua forma exterior, mas o grafite que está dentro. Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de você."
"Finalmente, a quinta qualidade do lápis: ele sempre deixa uma marca.
Da mesma maneira, saiba que tudo que você fizer na vida, irá deixar traços, e procure ser consciente de cada ação". 

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Amor em família...

Aconteceu enquanto eu esperava por um amigo no aeroporto.
Procurando localizar meu amigo no portão de desembarque, notei um homem que vinha com duas malas.
Ele parou perto de mim para cumprimentar sua família. Primeiro, ele abraçou o filho mais novo (talvez 6 anos de idade).
Eles trocaram um longo e carinhoso abraço.
E então se separaram o suficiente para olhar um ao outro.
Foi quando eu ouvi o pai dizer :
-- É tão bom te ver, filho. Eu senti tanta falta de você!
O filho sorriu e, meio acanhado, respondeu suavemente :
-- Eu também, papai !
Então o homem se levantou, contemplou os olhos do filho mais velho (talvez 9 ou 10 anos) e disse :
-- Você já está um homenzinho. Eu te amo muito, Zach!
E também trocaram um longo e fraterno abraço.
Enquanto isto acontecia, um bebê estava excitada nos braços da mãe.
O homem, segurando delicadamente no queixo da menina, disse :
-- Olá minha gatinha !
E pegou a criança suavemente.
Ele a beijou no rosto e a apertou contra o peito.
A pequena menina relaxou imediatamente e simplesmente deitou a cabeça no ombro dele e ficou imóvel em pura satisfação.
Depois ele entregou a filha aos cuidados do mais velho e declarou :
-- O melhor por último.
E deu em sua esposa o beijo mais longo e mais apaixonado que eu me lembro de ter visto.
Ele a olhou nos olhos por alguns segundos e então silenciosamente declamou :
-- Eu te amo tanto !
Olharam-se nos olhos, enquanto abriam grandes sorrisos segurando-se pelas mãos.
Por um momento eles me pareceram recém casados, mas pela idade das crianças ficava claro que não eram.
Eu senti um incômodo de repente, era como se eu estivesse invadindo algo sagrado e fiquei embasbacado ao ouvir minha própria voz nervosamente perguntar :
-- Emocionante ! Quanto tempo os dois tem de casado ?
-- São 14 anos. Ele respondeu, sem desviar o olhar do rosto da esposa.
-- Bem, então, quanto tempo você esteve fora ?
O homem, finalmente, virou e olhou para mim, ainda irradiando um sorriso jovial.
-- Dois dias inteiros !
Dois dias ? Fiquei atordoado.
Pela intensidade da saudação, tinha concluído que ele tivesse se afastado por pelo menos várias semanas, se não meses.
Eu sei que minha expressão me traiu.
Eu disse quase imediatamente, procurando terminar minha intrusão com alguma graça (e voltar a procurar por meu amigo):
-- Eu espero que meu casamento seja ainda apaixonado depois de 12 anos!
O homem deixou de sorrir de repente.
Ele me olhou diretamente nos olhos, e com uma expressão séria que até me assustou, respondeu :
-- Não espere, amigo... DECIDA !
Então seu sorriso brilhou novamente, me deu um aperto de mão e disse :
-- Deus lhe abençoe !
Com isso, viraram-se, ele e a família, e saíram.
Eu ainda estava observando aquela excepcional família caminhando para longe da vista quando meu amigo surgiu e perguntou :
-- Ei ! Está olhando o que ?
Sem hesitar eu respondi :
-- Meu futuro.
Essa é uma bela lição de que tudo depende de nós... ambos... e que podemos lutar por um futuro melhor e cheio de amor ao lado da nossa família, acreditando que tudo é exatamente como a gente quer... Entretanto, várias são as armadilhas que montamos para sabotar nossa felicidade... e impedir de mantermos uma família unida e feliz... 
De novo, DECIDA-SE POR ISSO!