De criança
diferente a adulto consciente
Nasci e quando comecei a crescer, mamãe descobriu que havia algo
diferente em mim. Os sons iam ficando cada vez mais distante e os médicos
diziam que um dia eu não poderia mais ouvir o canto dos pássaros, o latido do
cachorro, a música e nem mesmo a voz da mamãe.
Fui crescendo como toda criança e um dia minha mãe me ensinou que eu era
diferente de outras crianças porque não podia ouvir sons iguais a elas.
Acho que fiquei triste porque ela me pegou pela mão e me falou: - Quando Deus criou as pessoas desejou que
cada uma nascesse com uma característica diferente da outra, é isso que faz com
que elas sejam únicas e assim Ele as reconheceria facilmente. (Essa é a
parte inaceitável da história)
Ela me disse ainda: - Algumas
pessoas não podem ver o mundo e são chamadas de cegas ou deficientes visuais,
outras não podem andar e são conhecidas como deficientes físicas. Você não pode
ouvir e por isso quando alguém a chamar de “surda” ou “deficiente auditiva” não
estará desejando-lhe mal, apenas tratando-a por sua característica única.
Meu papai não acreditava que eu era diferente e meu irmão sempre achou
que eu era especial para ele, por isso me levava com ele para todos os lugares aonde
ia e me apresentava a todos os seus amigos.
Cresci acreditando que poderia fazer tudo o que meu coração desejasse
fazer, pois se não conseguisse era apenas por não ter habilidades para aquilo,
sabia bem que ser surda não era desculpa para desistir dos meus ideais.
A escola era meu lugar preferido, os livros, as revistas. Mamãe me
ensinou a ler e escrever quando tinha apenas 5 anos e todos ficavam admirados
com minha fluência para ler e escrever.
Fiquei muito triste quando virei adolescente porque começaram a me achar
diferente e não me convidavam mais para fazer parte da turma. Não me deixavam
participar dos grupos de trabalho.
Minha mãe disse que quando somos crianças temos uma coisa chamada
inocência que não nos deixa enxergar as diferenças, para as crianças todas as
pessoas são iguais, elas não veem diferenças.
Ela me falou que quando começamos a ficar grandes temos dificuldades em
aceitar algumas pessoas, mas que eu era perfeita, pois Deus me criou assim
então eu deveria me amar como eu era, que se eu gostasse de mim mesma, todos
também gostariam.
Superei aquela fase, mas por onde passei as pessoas que me conheceram
diziam que eu servia de inspiração para suas vidas, pois estava sempre feliz e
sorridente e que eu sempre desafiava as dificuldades.
Quando cheguei à faculdade minha mãe foi estudar junto comigo. Ela sempre
falou que foi para me ajudar, mas que eu a ajudei mais do que ela a mim. Ela
dizia para as pessoas que eu lhe mostrei que mesmo que pensarmos que somos
velhos demais para fazer alguma coisa, devemos tentar, pois não há limites de
idade para vivermos.
A profissão que escolhi foi a Pedagogia. Eu queria poder ensinar crianças
para mostrar a elas desde pequenas que elas deveriam acreditar que poderiam
fazer qualquer coisa desde que desejassem muito isso e que as diferenças não
são defeitos ou problemas, mas um jeito novo de realizar as coisas.
Já participei de muitas atividades, viajei, conheci pessoas, lugares…
Continuo estudando, faço parte de uma ONG que cuida de crianças com diferenças
sociais extremas, faço parte de uma igreja que me aceita como sou e me dá oportunidades
de cantar, falar e viver como todos os outros ali.
Meu pai entendeu o meu jeito de viver e investiu em mim. Meu irmão
continua me amando e me admirando, ele fala que sempre busca inspiração em mim
quando acha que as coisas estão difíceis.
Minha mãe diz que ele tanto me amou que encontrou uma namorada que tem
muitas das minhas características.
Eu nasci e quando comecei a crescer descobri que ser diferente é ser uma
pessoa contente.
E você? Como usa suas diferenças?
Você conhece
as suas diferenças, suas deficiências, seus defeitos? Como faz para superá-las?
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